Um assunto que ainda repercute pouco no Brasil, pois nós tendemos a nos ocupar com um problema apenas quando ele bate no nosso traseiro: os Estados Unidos estão incubando uma nova pandemia.
A frouxidão do controle sanitário norte-americano e a loucura reacionária de parte significativa dos gringos fizeram a gripe aviária se alastrar pelas granjas. O vírus sofreu mutações, saltou para os rebanhos bovinos (são permitidos subprodutos de frango na ração das vacas) e deles para os gatos domésticos (vende-se leite não pasteurizado nos EUA). Falta bem pouco para uma epidemia de grandes proporções nos humanos. Antes que isso aconteça, porém, os frangos americanos serão dizimados.
Robert Kennedy Jr., responsável pela pasta da Saúde na administração Trump, é um lunático que pensa que vacinas causam autismo.
Sua orientação para a crise das galinhas foi: deixe a gripe contaminar o maior número possível de indivíduos. Kennedy Jr. acredita que a infecção maciça ajuda a identificar os frangos imunes ao vírus, que seriam selecionados de forma natural para dar continuidade à criação.
Será o apocalipse galináceo? Provavelmente não, mas isso já dá o que pensar.
Um mundo que não tem frangos seria drasticamente diferente deste mundo.
Obviamente não teríamos frango assado, frango xadrez, frango frito. Toda a expertise adquirida por Eduardo Bolsonaro na lanchonete Popeyes lhe seria inútil nesta volta às raízes americanas.
A inexistência de ovos seria ainda mais devastadora nos hábitos alimentares da humanidade —de quase todos nós, não apenas de Gracyanne Barbosa. Não haveria bife a cavalo. Não haveria sequer bife à milanesa, uma vez que a carne é mergulhada em ovos para ser empanada. Não haveria bolovo nem espaguete à carbonara, uma tragédia para a gastronomia hipster.
O estrago seria maior na confeitaria. Não haveria musse de chocolate, quindim nem sonho de padaria. Não haveria pudim de leite. Quem quer viver num mundo sem pudim?
Enquanto estamos bem e com as galinhas à nossa disposição —em que pesem as péssimas condições a que elas são submetidas—, vamos com uma receitinha de frango. Ela se chama friccò e é típica da cidade de Gubbio, na Úmbria, centro da Itália.
FRICCÒ DI POLLO
Rendimento: 4 porções
Tempo de preparo: 30 a 50 minutos
Ingredientes
4 pedaços de frango (coxas e sobrecoxas)
2 colheres (sopa) de azeite
1 colher (chá) de pimenta-do-reino preta em grãos
2 bagas de zimbro
2 dentes de alho picados
100 ml de vinho branco seco
2 ramos inteiros de alecrim
4 folhas de sálvia
1 lata de tomates pelados
Sal a gosto
Preparo
- Aqueça o azeite e doure o frango de todos os lados.
- Reserve o frango.
- No mesmo azeite, refogue a pimenta, o zimbro e o alho até começar a dourar.
- Despeje o vinho e acrescente o alecrim e a sálvia.
- Deixe ferver por 5 minutos e descarte a pimenta, o zimbro e os galhos de alecrim.
- Acrescente o tomate, triturado com as mãos.
- Quando ferver, retorne o frango à panela e cozinhe por cerca de 20 minutos.
- Ajuste o sal.
- Sirva com batatas, pão ou macarrão
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