A epidemia das comidas nojentas nas redes sociais – 18/03/2025 – Cozinha Bruta

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Vou poupá-los das imagens, mas elas estão nas redes sociais, sem alerta de conteúdo sensível.

Num desses vídeos –para escrever este texto, tive a infelicidade de descobrir que são muitos–, uma jovem de aparência asiática abre algo que parece ser alguma parte do sistema digestivo de uma vaca.

Ela então remove, das entranhas, o capim parcialmente digerido. Não o descarta; alternativamente, usa-o para preparar uma sopa verde e certamente mui aromática, prontamente consumida pela cozinheira.

Trata-se de uma tática que não é exatamente nova: atrair a audiência pelo choque. Dá pra notar, contudo, que o povo está radicalizando mais e mais.

Não basta mais causar indignação, precisa criar repulsa.

Os vídeos de comida que me oferece o Instagram têm cabeça de camelo, camarão vivo no sushi, vagina de vaca e de porca e todas aquelas comidas de rua indianas com higiene zero.

Isso pode dar engajamento, mas será que vende alguma coisa? Parte da indústria parece apostar que sim.

Não é comida, mas está relacionado a ela: um fabricante de canetas hidrográficas lançou uma linha de marcadores de texto que supostamente têm cheiro de camarão, jaca e fígado acebolado.

Quem ganha o que com isso? Parece sacanagem, aquele chiclete com pimenta que a gente comprava na loja de mágica. Talvez seja.

A indústria alimentícia investe em produtos francamente nojentos para fazer barulho nas redes sociais O exemplo mais gritante é o miojo, que a todo momento lança sabores asquerosos como pão na chapa e beijinho.

Na Páscoa, saltamos dos quase normalizados ovos de sushi e de coxinha –apenas sushi e coxinha em formatos diferentes– para algo mais ousado.

Neste ano, lançou-se um ovo de chocolate recheado com torresmos. Não chega a ser uma sopa de estrume, mas força os limites do aceitável em termos de comida estranha.


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